O crime aconteceu em 9 de outubro de 1997, na rua Oeste, no bairro Gusmão, em Eunápolis, quando o radialista Ronaldo Santana de Araújo, de 38 anos, se dirigia à rádio Jornal AM, na avenida Duque de Caxias, no centro da cidade, onde apresentava um programa jornalístico muito polêmico, pela manhã. Ele era um crítico ferrenho do então prefeito Paulo Dapé, que o MP-BA acusa de ser o mandante do crime.
Ronaldo Santana de Araújo foi assassinado aos 38 anos, na frente do filho, à queima-roupa, às 06h40 minutos da manhã trágica de 9 de outubro de 1997, na semana que acontecia o novenário da festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. O suposto mandante, identificado posteriormente como sendo Paulo Ernesto Ribeiro da Silva, o “Paulo Dapé”, político, que já foi prefeito da cidade por diversas vezes. Continua impune.
Oito tiros silenciaram a voz de um pai de família, um cidadão de bem, um radialista, que apenas fazia seu trabalho. Calaram sua voz com oito tiros. Não tiraram apenas sua vida, afrontaram a liberdade de imprensa e lhe cassou a liberdade de expressão, covardemente, também num crime encomendado.
O caso da morte do jornalista Manoel Leal, em Itabuna é semelhante ao assassinato do radialista Ronaldo Santana. Apenas o ex-policial Mozar Brasil, apontado como o autor dos disparos contra o jornalista, está preso. Suspeita-se que o crime de Manoel Leal foi a mando político. Como o Estado foi incompetente (ou não quis) desvendar o crime, finalizou o processo criminal, condenando apenas o atirador e indenizando a família.
No caso do Radialista Ronaldo Santana apenas está preso um envolvido, Paulo Sérgio Mendes Lima, por suspeita. Até hoje, quase 18 anos depois, não houve punição para os responsáveis.
No entanto, nesta segunda-feira, 18 de maio, começam a serem julgados diversos envolvidos na morte de Ronaldo Santana, entre eles o ex-prefeito de Eunápolis Paulo Ernesto Ribeiro da Silva, o “Paulo Dapé”, que na época do crime era prefeito e chegou a chorar no enterro de Ronaldo Santana, Waldemir Batista de Oliveira o “Dudu”, irmão do ex-prefeito de Eunápolis e atualmente deputado estadual Robério Oliveira, Antônio Oliveira Santos o “Toninho da Caixa”, e Maria José Ferreira de Souza a “Maria Sindoiá”, todos sentarão no banco dos réus a partir da segunda-feira, 18 de maio.
Um caso semelhante ao do jornalista Manoel Leal de Itabuna e do radialista Ronaldo Santana, está o do jornalista Jeolino Lopes Xavier, o “Gel Lopes”, assassinado em 27 de fevereiro, de 2014, na rua da Pituba, em Teixeira de Freitas, já se passaram 445 dias do crime, que até agora continua sem solução.
O júri dos acusados da morte de Ronaldo Santana foi marcado pelo juiz Otaviano Andrade de Souza Sobrinho, para o dia 18 de maio, de 2015, às 08h30 da manhã, no Fórum de Eunápolis, no bairro Dinah Borges, ao lado da Câmara de Vereadores. Incialmente o júri tem a previsão de duração de três dias.
Apesar de muita especulação sobre um possível adiamento do júri, até o inicio da noite de domingo, 17 de maio, o mesmo estava mantido.
Por Jotta Mendes/Repórter Coragem
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